sexta-feira, 29 de abril de 2011

Isaiah Berlin


Os conceitos  e definições envolvidos nas disciplinas formais que têm regras relativamente claras - a física, a matemática, a gramática, ou a linguagem da diplomacia internacional - são comparativamente fáceis de investigar. Já com os conceitos envolvidos em atividades menos articuladas - nas atividades do músico, no escrever romances ou poesia, em pintura, formas de composição, no trato cotidiano dos seres humanos e no "senso comum" do mundo - as coisas se tornam, por razões óbvias, muito mais difíceis. É possível construir ciência sobre a presunção de certas invariedades relativas; nós presumimos que o comportamento das pedras ou da grama, ou das plantas ou borboletas, não terá em eras remotas, sido diferente a ponto de refutar as hipóteses de que hoje fazem a química ou a geologia, a física, a botânica ou a zoologia. A menos que acreditemos que os seres humanos sejam suficientemente semelhantes em certos aspectos básicos e suscetíveis de abstração ao longo de intervalos suficientemente extensos de tempo, não teríamos base para confiar nas generalizações que, conscientemente ou não, entram não só nas ciências proclamadas, como a sociologia, a psicologia e a antropologia, mas na história e na biologia e na arte do romancista, bem como na teoria política e em todas as formas de observação social.

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