segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Gustave Flaubert

Por que não se limitar ao objetivo que nos é dado? Ele vale por outro. Para tomar as coisas imparcialmente, há bem poucas maneias mais férteis. A inépcia consiste em querer concluir. [...]
Sim, a tolice consiste em querer concluir. Nós somos um fio e queremos saber a trama. É o que acontece com essas eternas discussões sobre a decadência da arte. Agora passa-se o tempo a dizer: "Nós estamos completamente liquidados, chegamos mesmo ao ponto final etc, etc. Qual é o espírito um pouco forte que tenha concluído. A começar por Homero? Limitemo-nos ao quadro; isto já está bom.

domingo, 19 de setembro de 2010

Anthony Giddens


A Constituição da Sociedade

Como todos os atores sociais vivem em contextos situados no interior de períodos mais vastos de tempo-espaço, o que é novidade para alguns desses atores não é para outros – incluindo, entre esses outros, os cientistas sociais. É, evidentemente, nessas “lacunas de informação” que a pesquisa etnográfica tem sua importância específica. Num sentido amplo do termo, esse gênero de pesquisa é explanatório, por quanto, serve para esclarecer enigmas apresentados quando indivíduos de um cenário cultural se encontram com os de outro que, em alguns aspectos, é muito diferente. A pergunta “Por que é que eles atuam (pensam) como atuam (pensam)?” é um convite para ingressar num milieu culturalmente estranho e compreendê-lo.

sábado, 18 de setembro de 2010

Gustave Flaubert


Trabalhe, medite, medite acima de tudo, condense seu pensamento, você sabe que os belos fragmentos não são nada. A unidade, a unidade, tudo está aí! O conjunto, eis o que falta a todos os de hoje, tanto nos grandes quanto nos pequenos. Mil passagens bonitas, mas não uma obra. Cerra teu estilo, faz um tecido mais leve que a seda e forte como uma cota de malha. Perdão por estes conselhos, mas eu queria lhe dar tudo que eu desejo pra mim.
[...]
É perder tempo ler críticas. eu faço questão de sustentar uma tese de que não há uma só que seja boa, que isso não serve pra nada a não ser imbecilizar os autores e para embrutecer o público, e, enfim, que se faz crítica quando não se pode fazer arte, assim como quem não pode ser soldado torna-se informante.
[...]
Trabalha cada dia pacientemente um mesmo número de horas. Toma o rumo de uma vida estudiosa e calma; aí você irá saborear primeiro um grande encanto e daí retirará força. Eu tenho também  mania de passar as noites em claro, isto só faz cansar. É preciso desconfiar do que se parece com inspiração e que frequentemente não passa de uma inclinação e de uma exaltação fictícia que nós nos demos voluntariamente e que não surgiu por si própria. Aliás ninguém vive na inspiração.
[...]
Mas é preciso não forçar o passo, como se diz em equitação. É preciso ler, meditar muito, sempre pensar no estilo e escrever o menos que se puder, unicamente para acalmar a irritação da Idéia que exige tomar uma forma e que se resolve em nós até que lhe tenhamos achado uma que seja exata, precisa, adequada a ela. Observa que se chaga a fazer belas coisas à força de paciência e de uma longa energia.
[...]
Modera os arrebatamentos de seu espírito que já lhe fizeram sofrer tanto. A febre esvazia o espírito; a cólera não é força, é um colosso, cujos joelhos vacilam e que fere mais a si próprio do que aos outros.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Anton Tchékhov

Ainda não tenho do mundo uma concepção política, religiosa e filosófica; mudo-a todo mês, e por isso devo limitar-me somente à descrição de como os meus protagonistas amam, casam-se, procriam, morrem e de como falam.
[...]
'Retratar a vida como ela é', dar 'um testemunho sério de nossas vidas' e 'não mentir a si mesmo'.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Thomas Nagel

Uma Breve introdução à Filosofia

O cerne da filosofia reside em certas indagações que a reflexiva mente humana considera naturalmente intrigantes, e a melhor forma de iniciar o estudo da filosofia é pensar sobre elas diretamente. Feito isso, você estará mais bem preparado para apreciar o trabalho de outras pessoas que tentaram resolver os mesmos problemas.
[...]
Como acredito que a melhor forma de aprender filosofia é refletir sobre questões particulares, não direi mais nada sobre sua natureza geral. [...] O objetivo aqui não é fornecer respostas - nem mesmo respostas que eu possa considerar corretas - mas apresentar os problemas de maneira bastante preliminar, para que você possa ocupar-se deles por si só. Antes de aprender muitas teorias filosóficas, é melhor enredar-se nas questões filosóficas a que essas teorias buscam responder. E a melhor forma de fazê-lo é examinar algumas soluções possíveis e ver o que há de errado com elas.